A primeira remessa de pão já
se mostrava atraente na bodega do seu Raimundo. O sol já despontava desinibido
na ilusória manhã fria daquela pequena cidade. Os feirantes finalizavam os
últimos detalhes para receber a clientela e quando todos pensavam que aquela
manhã seria mais uma de tantas daquela fatídica cidadezinha, surge Zequinha com
sua carroça despertando olhares e curiosidade dos que ali estavam presentes. De
longe o trio de fofoqueiras cochichavam entre si, debulhando especulações sobre
a cena que destrinchava diante dos seus olhos. Os feirantes entortavam a cara,
afim de deixar claro a insatisfação de ver mais um vendedor na disputa da
clientela. E os que timidamente se aproximavam da feira, logo tentava descobrir
o que de fato Zequinha traria dentro da carroça.
Com o olhar destemido e um sorriso radiante, a auto estima de Zequinha só
aumentava ainda mais a curiosidade dos presentes. Já dava pra se imaginar as
mil e uma perguntas que cada um faziam naquele momento, principalmente se
tratando de alguém que, aparentemente, não teria nenhum motivo financeiro para
estar ali. Naquela ocasião, a cidade já dava por certo que Zequinha herdaria
tudo de seu pai, mas o que de fato ele estaria fazendo naquele lugar? Era a
principal pergunta, que ao longo dos dias continuaria sem resposta.
Acontece, que nem todo mundo de Pitombas tem tempo para ficar curiando a vida
alheia. Por este motivo, Toinho deixou passar despercebido aquela curiosa cena.
Focado no seu trabalho e disposto a deixar tudo em ordem para iniciar as
atividades do dia, Toinho só tinha olhos para as frutas e legumes de sua venda.
No entanto, a sua atenção rapidamente muda quando ver Zequinha se aproximar de
sua barraca, deixando claro que seria justamente ao seu lado onde ele pretenderia
ficar. Toinho passou a observar o jeito desengonçado e destemido de Zequinha,
deixando escapulir vez por outra um sorriso no canto da boca. Aquele jeito meio
destrambelhado tentando organizar a barraca, logo fez Toinho sair de sua
barraca para de um jeito ou de outro ajuda-lo. Quando quase o baú despenca da
carroça, Toinho chega para interrompeu o desastre.
_ Tá precisando de ajuda? – Brinca Toinho, fazendo Zequinha fingir surpresa.
_ Está tudo sob controle, ou você acha que eu não sei o que estou fazendo? Justifica
Zequinha, mesmo sabendo que Toinho não acreditaria em nenhuma palavra naquele
momento.
A tarefa mais difícil seria, naturalmente armar a barraca. O que, com ajuda de
Toinho, não demoraria muito. Mesmo sem demostrar muito interesse, Toinho olha
para o baú despertando uma leve curiosidade, observada rapidamente por Zequinha
que logo o indaga.
_Curioso pra saber o que vou vender?
_Vindo de você, qualquer um aqui está curioso, já que o que não falta na sua
casa é dinheiro – completa Tinho. Com o questionamento, Zequinha se mostra
compreensivo diante a curiosidade. Enquanto sua misteriosa barraca é erguida no
meio da feira, os dois vão conversando sobre os reais motivos que fizeram o
jovem rapaz acordar cedo e por esta ideia em prática. Quando tudo já se mostrará finalizado,
Zequinha então posiciona o baú pertinho do lugar onde iria exibir seus
produtos. Ao seu redor muitos se aproximavam afim de matar a curiosidade. Até
que Zequinha revela o misterioso segredo.
__Que mago de tanto produto é este? – Era o suficiente para que Zequinha
exibisse tudo que alí estava, por mais que nem mesmo ele saberia a eficácia de
cada produto, principalmente se tratando que teve uma rápida aula dada pelas
meninas do bordel. De forma descontraída, Zequinha conquistava aos poucos a
confiança dos que rodeavam encabulados sua barraca. Não demorou muito para que
ele se tornasse o maior destaque daquela manhã. Atraindo olhares e arrancado
risos de quem ainda timidamente teriam dúvidas a serem tiradas.
Atendo às falácias mal intencionada das fofoqueiras de plantão. Zequinha,
manteve-se cauteloso e de forma extremamente discreta, explicitava o mínimo
possível os reais benefícios de seus produtos. Acontece que os verdadeiros
interessados, sabiam do que se tratavam, e ao se aproximar, logo se animavam,
pois ali encontravam uma forma mais discreta de adquirir as iguarias, sem
despertar curiosidade dos demais e sem precisar entrar no bordel, ariscando a
reputação. Desta forma, os homens da região que tinham certa dificuldade de
comparecer na cama, encontravam a melhor forma de resolver os seus problemas,
na compra de ervas medicinais travestidos de chá. A estratégia era boa, haja
vista que tal assunto não era compartilhado entre as mulheres. Assim, enquanto
os homens despertavam interesses pelas iguarias, as mulheres se deliciam com a
culinária de Zequinha. Agradando a todos que ali se aproximavam, inclusive
Tião.
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