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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

"Cada passo uma cura"



Quero partilhar com você, meu irmão, algo que tem me impulsionado em minha vida particular e também em eventos dos quais eu me tornei escravo pelo amor. No começo de minha vida missionária, dar ou ministrar um encontro era uma iniciativa quase particular, pois eu era um jovem com sede e fome de falar daquilo que Deus fazia em minha própria vida e, com alegria, eu pregava ou animava, quase chegando a um extremo de ativismo. Confesso: ao longo desse caminho, Deus veio me formando e colocando meus passos no ritmo certo, na velocidade certa, e creio que a hora, o momento e a ocasião de Deus são muito maiores e melhores do que simplesmente um impulso ou uma vontade de falar, pregar e cantar. Descobri que respeitar o tempo e a vontade de Deus é extremamente importante em qualquer empreendimento.
Vejo-me constantemente inserido naquela passagem dos dez leprosos...


Caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia. Estava para entrar num povoado, quando dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a certa distância e gritaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ Ao vê-los, Jesus disse: ‘Ide apresentar-vos ao sacerdote’. Enquanto estavam a caminho, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; prostou se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: ‘Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?’ E disse: ‘Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”

(Lc 17,11-19).


Primeiro: a caminho de Jerusalém, Ele passava pelos confins da Samaria e da Galiléia. Perceba a preferência de Jesus ao escolher passar por aquele caminho. Ele quis passar por um caminho que muitos evitavam, quis ser notado, percebido, chamado por pessoas que não ousavam incomodar ninguém: os leprosos.
Sabemos que em alguns momentos de nossa vida, o que menos queremos é incomodar alguém, talvez pelo medo de depararmos com o desprezo que as pessoas possam ter por nossos problemas e chegarmos à terrível conclusão de que não significamos nada para elas. O medo nos impede de pedir socorro. Esse medo é real, porém, sem fundamento.
Ao contrário do que pensamos, existem sim muitas pessoas dispostas a nos ajudar. Uma mentira bem contada que ninguém quer saber quem você é. Lembra-se dos seus amigos antigos, pais, irmãos, pessoas que significam muito para você e você para elas? Eles existem e querem ouvi-lo pedindo “socorro”, pois essa é a palavra-chave, a palavra que dá liberdade para o outro entrar em sua vida. Sem esse pedido, fica difícil alguém ter acesso a você, pois sua liberdade lhe foi dada por Deus e é respeitada e temida pelos homens. Seu grito de socorro é a inauguração de um novo tempo.


Segundo: ao vê-los, Jesus diz: “Vão e se apresentem ao sacerdote” (cf. Lc 17,11-19), e a Palavra diz que ao longo do caminho eles foram sendo curados. Sabemos que somente os que fossem contemplados com a cura da lepra poderiam se apresentar ao sacerdote para passar por um exame, publicar oficialmente a cura, e então ser reinseridos na sociedade ou comunidade.
Eles ouviram de Jesus: “Vão e se apresentem ao sacerdote”. Imagine: cada passo que eles davam por obediência à ordem recebida, uma lepra sumia e um podia ver a cura no outro. Um percebia a cura em si, vendo no outro o milagre, a cada passo, a cada metro percorrido. Ao longo do caminho a cura acontecia, a alegria voltava, a esperança tomava o espaço outrora ocupado pelo desespero, e aquilo que era uma convivência marcada pela dor entre leprosos se transformava em um show de fé, esperança, coragem e perseverança.
Porém, se ao receber a ordem de Jesus — “Vão e se apresentem ao sacerdote!” —, sabendo que havia uma lei que dizia que somente os curados podiam se apresentar ao sacerdote para receber a carta de reinserção, eles ficassem parados e não iniciassem o caminho, nada aconteceria.
Portanto, o segredo é caminhar decididamente e ver nas pessoas que Deus colocou ao nosso redor — e permitir que elas também vejam em nós — a cura que Deus quer e faz. E é só iniciando a caminhada, saindo da inércia, permanecendo na estrada, mesmo cansado, arrastando-se muitas vezes, rindo, chorando, com ou sem vontade de rezar, mas rezando, após alguns passos, barreiras superadas, mal-entendidos esclarecidos, enfim, ao longo do caminho, que nós seremos curados. Não é ser curado e depois caminhar, mas caminhar para ser curado. Não é mágica, e sim obra de Deus. Por isso eu afirmo: o caminho se faz caminhando desde que caminhemos com Deus. Quer ser orado? Quer ser restaurado? Quer voltar a sorrir? Então, comece caminhar em Deus.

Terceiro: lembra-se de que apenas um dos dez leprosos voltou para agradecer? Logo um samaritano, aquele que nenhuma pessoa ousaria prever que voltaria para agradecer, devido à animosidade entre judeus e samaritanos. No momento de gritar “Jesus, Mestre, tem piedade de nós!”, esse samaritano fez como aqueles outros leprosos.
É verdade. Aquele samaritano não tinha nada a perder, iria morrer apodrecendo em meio a tantos esquecidos pela sociedade. Porém, ele arriscou. Arriscou clamar, pedir socorro. Mesmo que no meio do bolo. E o que aconteceu com os nove aconteceu também com ele. A cura foi resposta a uma atitude, repito: atitude. Ao longo de toda a vida a atitude alavanca um tempo novo que nos leva a experimentar situações que só estavam em nossa imaginação ou, até mesmo, que nem ousávamos imaginar. Temos habilidades, porém, faltam atitudes.
A atitude daquele samaritano, mesmo contra sua crença, seus costumes ou sua vergonha, mudou a vida dele completamente, e Jesus, em Sua infinita onisciência, pôde acreditar naquele que era o improvável.
Imagino Jesus, ao vê-lo voltando para agradecer, perguntando: “Onde estão os outros nove?”. A Bíblia diz que “somente o samaritano voltou para agradecer”. Que incrível! O improvável voltou e, desde então, sua vida foi mudada.
Você se sente um improvável, a zebra do campeonato em quem ninguém apostaria? Pois é, Deus acredita no inacreditável. Ele é especialista no impossível: em você. Já fomos e ainda somos para muitos uma zebra de campeonato. Alguns, até hoje, não apostam em nós, porém Deus acredita e se alegra. Só Ele poderia imaginar eu escrevendo e você lendo. Isso não é incrível?

Portanto:
1° Aprenda a pedir socorro;
2° Comece a caminhar e seja curado;
3º Creia que Deus acredita em você.


Pois o caminho se faz caminhando...

Trecho do Livro: “Jovem, o caminho se faz caminhando”
Autor: Dunga,

Editora Canção Nova

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