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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Repostamento - PRA NÃO PERDER O CONTEÚDO

TEATRO EM MINHA VIDA 
Como tudo aconteceu

 A Cia Camarim de Teatro faz parte da minha vida, desde os primeiros anos que iniciei na minha vida artística. Quando engessei no mundo encantado do teatro me vi na necessidade de buscar profissionalizar minha arte para vivenciar com mais dedicação tudo que ela me proporciona. Até então passei dois anos participando de projetos e festivais ainda em cunho educacional, tais como o festival que foi fundamental para minha participação de vez no teatro, Festival de Talento das Escolas Públicas (FESTAL) que foi onde tudo começou. 

Tudo na minha vida acaba sendo engraçado, muitas vezes até em momentos triste de minha vida toma rumos cômicos. No teatro não poderia ser diferente. Em 2000, no dito FESTAL, minha escola me convidou a participar do grupo de teatro que nos representaria no dito festival. Fui em um ensaio e sem pretensão nenhuma ensaiei alguns papeis. No entanto meu desinteresse não me levou a prosseguir, até que chegou o grande dia, que até então me pegou de surpresa. Vi escolhas com esquetes muito bem produzidas, atores muito bem ensaiados com figurinos excelentemente trabalhos. Foi de encher os olhos. Foi então que partiu um certa curiosidade, como realmente está a esquete da minha escola? Queria eu não ter tido tamanha curiosidade. Fomos o último a se apresentar e definitivamente foi uma das piores esquetes que assisti. O texto eu não poderia dizer que fosse tão mal, afinal de contas falava da assustadora lenda do Açude do Vavaú, do bairro da Outra Banda. Mas a marcação, a projeção de voz, o cenário, o figurino... vergonha alheia nesse momento.

Parece ser petulância minha falar de forma tão negativa de um trabalho que nem ao menos me esforcei para melhorar ou construir. Mas ei-que nasci o motivo maior de minha entrada no mundo do teatro. Me vi na responsabilidade de melhorar esse trabalho, um trabalho tão ruim que levou aos jurados solicitar aos atores que se apresentasse novamente, pois nenhum compreendeu o que fora passado. Isso pra mim foi o fim e desceu sobre mim a responsabilidade de mudar isso. Ver a escola que lhe ensinou ler e escrever sendo humilhada artisticamente para toda cidade é definitivamente deprimente. Então saí daquele teatro disposto a mudar esse quadro. Aquele ano, minha escola ficou em 17º lugar e só não ficou em 18º porque só tinha 17 escolas concorrendo, incluindo a minha.

No ano seguindo não medi esforços para me aplicar no teatro. Estudei, pesquisei e busquei com as fontes disponíveis na época tudo para que então um trabalho de qualidade fosse executado. Chega então o FESTAL e me vejo com muitos amigos todos inteiramente dispostos a trabalhar. Então com ajudinha da minha amada Mazé, eterna coordenadora pedagógica e amiga, montamos uma linda esquete que chegou chegando. É fato que tínhamos grandes concorrentes na época, como Caic, e o Santa Rita que eram até então pioneiros no teatro escola. Chegamos chegando e fomos sem sombra de dúvida a grande supresa naquele ano. Não ganhamos, mas demos um gigantesco salto do 17º do ano anterior, para 4º lugar. Foi realmente empolgante. Foi a partir dali que surgiu essa minha paixão pelo teatro e que se estendeu nas edições seguintes.

Na minha última participação, eu já estava no ensino médio e competindo pela Escola Santa Rita que injustamente ficou em segundo lugar, perdendo para um clara e cínica plágio feita pelos alunos da Escola do Santa Rita.

A BANDA.

Minhas raízes sempre foram de grandes artísticas, principalmente grandes músicos que poetizaram nossa árvore genealógica. Geração passada de pai pra filho e que logicamente deveria continuar com meu nascimento, deveria. A cobrança de minha família, principalmente de minha mãe e meu pai para que eu e minha irmã ingressasse na carreira musical sempre foi extremamente grande, ao ponto de por diversas vezes chegarmos a entrar em conflitos. Já quando criança fomos matriculados nas aulas de teoria musical, que na época era ministrada pela magnifica musicista, professora, poeta e compositora do Hino de Maranguape, Ofélia Gomes de Matos. 

Lembro-me com detalhes das aulas, assim como as diversas tentativas de aprender algo que realmente não era o dom guardado em mim. Minha irmã, porém sem muitas dificuldades, exercia o desejo de nossos pais ao ponte de por duas vezes se apresentar em um teatro lotado, matando os dois corujas de orgulho. Eu nunca saí da escala musical, e nunca toquei mais de uma partitura completa o que me deixava angustiado, pois também queria de alguma forma orgulhar minha família. Empolgados com tudo, minha irmã queixava-se com meus pais da dificuldade de ensaiar sua musicalidade por não ter um piano. Com muito esforço minha mãe comprou um teclado que para mim não deixou de seu um brinquedo e para minha irmã apenas fora um objeto de luxo que em pouco tempo deixaria no canto da parede a merce da poeira e do tempo. Minha mãe, a base de muita reclamação se desfez do teclado e voltamos a ser penas músicos teorizados.

Meu pai músico da Banda Municipal João Inácio da Fonseca desde sua fundação, queria de todas as formas que fossemos músicos, o que nos levou mais uma vez a voltar para as aulas teóricas e agora práticas de música. Eu com meu trompete amassado e minha irmã com uma clarineta. Ela não seguiu, eu insisti. Insisti até demais. Por diversas vezes, exatamente quatro, me vi na loucura insistente de entrar na banda. O mais frustante que com meu primeiro instrumento, quando aprendi a tocar por completo minha primeira música em minha primeira apresentação oficial, deparo-me com meu instrumento sucateado. Foi aliviadamente frustante. Toda minha dedicação estendeu-se na passagem de minha infância até a adolescência e não rendeu frutos e muito menos uma vaga na banda municipal.

Pode até ser que minha falida carreira de músico não tenha orgulhado meu pais, mas os frutos vindo dessas inúmeras tentativas gerou em mim uma sensibilidade musical até hoje aproveitada no teatro. Tornei-me então compositor das canções nunca ouvidas e nunca tocadas, gerando um acervo de grandes clássicos pessoais que somente eu sei o tom, melodia, letra e ritmo. Soma-se então ao minha vasta coleção de frustrações artísticas

A PORTA.

Tudo relacionado a minha carreira artística está ligado, pois tudo ou quase tudo surgiu no mesmo período, com a mesma intensidade que se gerou. Toda essa minha desventuras na música e aventuras no teatro andaram lado a lado. Após uma da edições do FESTAL queria eu dedicar e conhecer mais e mais sobre o teatro e busquei em fontes próximas cursos de teatro. Em minhas aulas de teoria musica, já ministrada pelo maestro e professor Teta (Eliomar Nunes Costa), crescia dentro de mim um certeza quase que inevitáveis: "eu não tenho dom pra tocar instrumentos".

Cheguei um pouco tarde no Teatro Pedro Gomes de Matos que na época era chamado de Espaço Cultural, já desestimulado com essa verdade que não saia da minha cabeça. Subi as escadas e fiz aquela pausa dramática antes de abrir a porta e começar mais uma noite a aula. Pensei, pensei e resolvi não então, voltei com muita adrenalina na cabeça e muito alívio no coração. Eu poderia ter feito isso a muito tempo, mas as condições nunca eram favoráveis. Desci as escadas escorregando no corrimão e sem pretensão nenhuma olhei curioso para o prédio a frente do teatro, a Casa de Cultura Capistrano de Abreu (Fitec).

Ao chegar na calçada conseguia escutar muito barulho e muita gargalhada. Já apaixonado, identifiquei que se tratava de um curso de teatro que sem pensar duas vezes resolvi olhar. Ao entrar no prédio refleti algo interessante a respeito do que eu estava sentindo antes de abrir a porta para o curso de teoria musical e o que estava sentindo naquele momento antes de abrir a porto do curso de teatro. Percebi que os sentimentos eram opostos, as sensações eram distintas e a adrenalina era extremante maior. Senti que não haveria espaço para timidez naquele momento, mas nunca imaginei que ao abrir aquela porta tudo em minha vida mudaria, tudo mesmo. E com muita educação, calma e cuidado abri devagar a porta que mudaria para sempre o rumo da minha vida.


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