Ao Orkut, com carinho

Nós somos uns injustos. Tratamos com indiferença quem devotou anos de sua existência para promover a nossa alegria. Como o maior dos canalhas, nem pensamos duas vezes antes de trocar a histórica e servil de 50 por duas ninfetas vigorosas de 25, cheias de possibilidades e descobertas. Foi assim que deixamos o finado Orkut em uma fossa que nem Maysa viveu. Justo ele, que ensinou a uma reca de pré-adolescentezinhos — hoje, taludos e independentes em suas fotografias artísticas de comida com filtro moderninho — o que é viver interligado com os tão iguais em uma rede sem punhos.

Tenho saudade de olhar os meus scraps, de atualizar o meu “quem sou eu” com as músicas que embalavam meus desamores e ilusões, de conhecer as pessoas por meio das comunidades em seu perfil, de receber depoimentos secretinhos com um “não aceita” em garrafais.

Hoje, evoluímos. Temos inbox, pessoas que me inspiram, compartilhamentos, curtidas, cutucadas, RTs e uma série de outras possibilidades para um stalker. Entretanto, ingratos, isso não lhes dá o direito de oferecer uma rabissaca à pioneira, à matriarca.

Fico pessoalmente ofendido quando escuto o termo “orkutização” como sinônimo pejorativo de “popularização”. Ora, sou orkutizado, assim como você, que enviava e recebia scraps, postava fotos apaixonadas em seu álbum intitulado de s2 e sonhava com os 1000 amigos de limite.
Você tem vergonha disso? Pois saiba: você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão. Sinta vergonha.

Só pra homenager, Clique aqui e visite meu ORKUT!