Edilson Gomes - O monólogo do Vazio |
Aí você surge do nada, tão sem alma, tão sem vida. Até
parece que lhe falta forças pra falar, mas que na verdade é apenas mais uma
cena pra dar sequencia ao espetáculo da farsa. Algo tão artificial que de tanto
uso, já se confunde com sua personalidade que naturalmente mal existe, e por
mal assim existir pode até tomar essa artificialidade como sua característica
pessoal.
Não me leve a mal, é que essas cenas de tão repetidas acabam
saturando minha paciência como espectador. Talvez seja porque deixei de ser o
protagonista dessa peça e você ainda não percebeu que ser coadjuvante dos meus
atos não faz sentido agora. A influência, quero dizer, a sua má influencia já
não faz mais efeito, pois já me sinalizaram que tal espetáculo vindo de tí é
apenas um esquete mal roteirizada e que diga-se de passagem, apenas o ator
poderia ser a salvação de tudo, poderia, mas não é.
Antes revertido de um elenco de grandes atores, seu
espetáculo encantava meus olhos e me faziam sonhar naturalmente nesse roteiro,
que sem perceber era escrito e adaptado por você. Seja lá qual seria o fim eu
nem me importava. E com um fim aparentemente trágico, você me retirou de cena e
me colocou na coxia. Com a esperança de voltar a contracenar com você, por um
período esperei, mas o tempo me mostrou que eu já não fazia mais parte da
sequencia da história, então me tornei plateia e assim me acomodei. Vi a farsa
virar drama. vi o drama aos poucos perder seu tão grandioso elenco e hoje em uma
farsa descarada e um tanto forçada, você surge em um sonso monólogo, tentando
me prender a suas cenas um tanto ultrapassadas.
Porque caro ator, não volta a sua realidade e encara os
fatos de um triste vida o qual apenas a superação seria sua alternativa de
virar jogo? Porque caro ator, não para de criar cenas e deixe de viver de
aparências e evita de vez de construir imagens de você para as pessoas, imagens
essas que não condiz com a realidade, pois saiba que fora do palco tudo deixa
de ser teatro e passa a ser falsidade? Porque caro ator, o mundo te prende a
viver aquilo que não existe, pra que viver de aparências? Talvez seja esse o
seu problema, não saber a hora de parar de fingir. Porque caro ator, essa mania
chorosa de me procurar não transborda em quem deveria afinal me encontro na
última fila da plateia, próximo à porta de saída e que hoje só continuo por
pena. No entanto reconheço que alimento essa sua farsa, pois não existe
espetáculo sem plateia, por isso ta na hora de fechar as cortinas e encerrar o
espetáculo, pois no seu caso, recomendo que esse espetáculo tenha que acabar.
Edilson Gomes - O monólogo do Vazio |
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