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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

LIVRO-Me - 1



Por inúmeras vezes me vi parado no tempo sem a mínima expectativa do futuro e dos caminhos que devia seguir. E diante de tudo, sempre me veio em mente relatar cada momento em que pude chegar a esse ponto. Sei que dificilmente alguém há de se interessar em saber de uma vida tão sem roteiro como a minha. Chega a ser desinteressante, mas faço questão que saibas, caro leitor, que pode interromper essa leitura e buscar outros temas e outras histórias.

Eu sou feliz e busco com todas as minhas forças vivenciar cada momento, pois acredito que tudo pode ser único com a mesma proporção de ser eterno. Parece fantasioso, e é., mas não posso negar que minha postura tão lírica da vida tem me guiando a momento eternos, porém conturbados, pois quando se compartilha poesia a quem está acostumado a sentir na pele a desilusão da realidade, uma hora ou outra também sentirá de forma carnal a gosto amargo da incompreensão.

O que quero dizer, caro leitor, é que sou sim um apaixonado pela vida e que ainda não me desprendi do roteiro poético dos contos de fadas. Levando para a realidade de minha vida conflitos brutos e ao meu ver, injustos diante de uma verdadeira contramão dos meus planos. No entanto é importante ressaltar que mesmo com a cabeça nas nuvens e o celebro no coração, vivi uma vida tão comum como qualquer criança pobre com problemas sociais. Desprendido de quaisquer privilégios que os faça me julgar como mimado.

Sou filho de país até hoje casados, mas tiveram uma conturbada relação marcada por alcoolismo, traições e brigas. Situações que em nenhum momento me privou de testemunhar as piores formas possíveis de uma relação familiar. Houve tempos em que me julguei forte e isento de qualquer possível trauma que uma infância conturbada poderia me proporcionar, mas o desdobramento da vida me proporcionou arrancar das raízes sentimentais frustração, tristezas e dores que guardei por muito tempo e que em tal momento pude pôr para fora como larvas de um vulcão adormecido, mostrando-me que uma dor esquecida nem sempre é uma ferida curada. Tive que enfrentar essa realidade na minha vida e retirar qualquer maquiagem sentimental. Tive que deixar de justificar ódio paterno com simples conflitos domésticos e assumir que algo precisaria ser colocado para fora, bom ou ruim, seja lá que fosse. E assim o fiz.

Quando toda frustração, dor e lamentação fora jorrado para fora em forma de lágrimas, quando todas as dores adormecidas e todo meu ódio acumulado fora exposto ao mundo e principalmente ao meu pai, pude perceber que a vida não tinha o direito expor falsas realidades. E que toda dor deveria ser enfrentada e tratada, por mais incômoda que seja, pois mais cedo ou mais tarde tudo isso voltará de forma mais avassaladora ou até mais cruel. Daí então, segui acreditando não mais colocar as mágoas por debaixo do tapete. E assim como a dores, pude perceber que todos os momentos felizes e marcantes da minha infância também tinham direito de ser revivido, afim de saborear novamente o paladar da vida, sempre vivido da forma mais intensa como uma criança. Foi quando fechei os olhos, respirei fundo e como um sopro pude renascer em mim a esperança de sentir-me feliz vivendo o que sempre vivi e experimentando o prazer de estar vivo, sendo quem eu sou independente de qualquer julgamento. Nasci então em mim um poeta.

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